Ele deu um tiro nos cornos.
Os cornos que lhe tinham nascido rugosos, ferindo-lhe a testa.
Um tiro que lhe acabou com as culpas e com as vozes que vinham de dentro e de fora, lembrando-o da podridão que levava dentro.
Ele deu um tiro nos cornos para acabar com as tormentas e deixar por cá, com as suas, quem ele troçou.
Um tiro que levava dentro a sujidade de um mundo decomposto e invertido.
Ele brincou aos poderosos e aos ricos. Mas tramou-se. Afinal era fraco demais para o peso da culpa.
Deu um tiro nos cornos.
8 de fevereiro de 2009
Um tiro
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