1 de julho de 2009

Hippie Jesca


Poucos minutos depois de entrar na sala escura, abafada e quase vazia do Relentless Garage começámos a ver uma descabelada, toda vestida de renda branca, a passar de porta em porta: era a Jesca Hoop. Passeava-se como uma anómina por entre as 6 ou 7 almas que já ali estavam à espera. E a espera até foi bastante longa. Ouvimos durante quase 1hora a Simone White com a sua guitarra: bastante aborrecida.
Durante o concerto a Jesca explicou que a primeira parte tinha sido feita pela sua amiga Simone, com quem terá passado muito tempo a conversar, debaixo da sombra de uma grande árvore, na comunidade hippie de Topanga, LA. O único lugar em Los Angeles com árvores, segundo ela.
A espera valeu a pena. A Jesca apareceu, de olhos azuis brilhantes e papos que os escondiam um pouco, desalinhada, com as suas botas de cowgirl e atitude aparentemente descontraída. Logo se percebeu a sua relação amor/ódio em relação ao palco. Mas ela pertence-lhe. A sua personalidade e voz encheram- no imediatamente.



O espaço do concerto era pequeno e o público era tão pouco que foi quase como se ela estivesse a tocar na sala lá de casa. Ouviamos-lhe até os pensamentos, e a maior parte, mesmo que estranhos, ela decidia proferir para matar o silêncio e deixar de sentir os olhos que não despegavam da sua imagem.
Tocou durante um hora, na maior parte canções novas, e no encore tivemos direito a uma improvisação em forma de dedicatória.
A sua voz revelou-se muito mais poderosa ao vivo, e ela é, sem dúvida, dona de uma personalidade bizarra e absolutamente cativante.

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