8 de outubro de 2009

A verdadeira Música do Mundo






Não gosto de rótulos e o de “música do mundo” parece-me um dos mais limitativos. Mas no caso de Mayra Andrade a utilização da expressão “música do mundo” é inevitável.

Cabo-verdiana nascida em Cuba, viveu no Senegal, Angola, Alemanha e em Paris onde ainda hoje vive e onde a sua carreira começou a florescer. Ela é, obviamente, uma cidadã do mundo e faz música sem fronteiras.


As diferentes influências culturais/musicais a que foi exposta ajudaram-na a ser descomplexada na sua criatividade e fizeram com que a música que faz seja um resultado de uma mistura explosiva.

A cantora pertence a uma geração que, resultado da globalização, além de circular com mais facilidade e viver em diferentes países, está constantemente a receber influências de várias culturas e sente cada vez menos a responsabilidade de exportar uma ideia previsível do que é a cultura do país onde nasceu/cresceu. Na chamada “música do mundo”, principalmente, é esperado que quem vem de Cabo-Verde faça música genuinamente Cabo-verdiana, seja lá o que isso for, e os mais puritanos eriçam os pêlos quando alguém como Mayra Andrade mistura tanto que não conseguimos situá-la. Este fenómeno acontece, ao longo da história da música, com aqueles que, sem medo, se atrevem a ignorar o estabelecido, e são esses que realmente vale a pena ouvir. 

Mayra é um resultado da globalização e no álbum Storia Storia cria um melting pot bem gourmet.


Além de um voz belíssima, com uma profundidade surpreendente para a idade, Mayra Andrade traz-nos a doçura do crioulo, dá-nos o swing de um funáná e da bossa-nova e passa por clubes de jazz sofisticados em Nova York. Tão depressa ouvimos ecos da Índia como, lá no fundo, arranjos que quase fazem lembrar as Big Bands Americanas. Ela é assim tão cosmopolita.

Storia Storia é um mapa-mundo, estendido a nossos pés, e Mayra dança, descalça, fazendo sentir cada som com maior intensidade que o anterior. 


Ouvir este álbum é como fazer uma viagem, cheia de classe, e perfeita para quem não pode sair da cidade e ir de férias pelo mundo. Mayra, de certa forma, ensina-nos sobre o que sentiríamos em lugares longe dos prédios e mais perto da areia.



Editado aqui


Sem comentários: