11 de junho de 2008


Excessos Passados



Excesso I.

Encontrei-o. Vivi-o repentino num crespúsculo.Mas não quis ficar.

Resiste na minha memória. Alimenta a solidão e o vazio de nunca antes ter sentido alguém assim.

Podem concluir que me apaixonei por uma ideia. Mas é a minha própria ideia.
É mais real do que uma qualquer sensação de outro. E quero vivê-la. E não posso. Sem ele.

Apenas ele soubesse que depois daquele ímpeto não esqueci nada,
nem uma palavra por ele proferida, nem um movimento.

Apenas ele soubesse que cada vez que me olha eu caio,
que era capaz de tudo,
que ía valer a pena,
que (a) pesar de tudo vejo o que ele tem de melhor.

Apenas ele pudesse ler a minha subserviência...
Aí ele ía querer-me, nem que fosse como serva debruçada perante seu ego inflamado.


Excesso II.


Procuro o que não me querem dar.
Busco o impulso de um que tal como eu, não sabe onde, nem quem.

Quero entregar-me.
E não aceito esse medo cínico de quem diz não procurar.

Não aceito o prazer desmiolado. Não aceito quem escolhe não olhar para além do que se vê.
Não aceito seres dissimulados. Não aceito máscaras que contaminam. Não as uso.

Não quero passear por aí. Não quero charme, nem recreio. Quero o que é, e o que pode ser. Quero honestidade.

Sou quem procura. Sou a que encontra mas não é encontrada.

Entrei pela pior das portas, e não a consigo fechar. Estou a contemplar um caminho pelo qual não andarei,

e ainda não acredito.

Este é o início tardio da minha história. A história de quem acredita, agora que todos tentam esquecer.


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