I.
Calcula tu a posição invertida em que estou.
Ando com a cabeça, penso pelos pés, como pelos tornozelos, e parece-me que não ouço.
Estou um pouco tonta.
II.
Sou perseguida pela forma perfeita das coisas. Calculo o gesto capaz de ferir. Sou animal claro na escuridão, e sei pouco da vida.
A mim diz-me mais o horizonte do que a chegada.
Imagino as cores, mas não as sei pintar.
Sou demasiado imperfeita para a perfeição que me persegue.
III.
Só espero que a desgraça me seja acudida num encontro pouco provável e que Ele me descubra a excentricidade.
IV.
Quis que tomasses conta dos meus olhos sem o saberes. Pus em tuas mãos toda a minha ânsia por um olhar claro. Assim fiquei cega.
De repente surges, trazendo contigo a minha visão antiga. Com ela irrompe a fealdade de todas as coisas que me assombram, e a dor de quem não quer ver a verdade.
V.
Do teu olhar espero mais do que o nada que trago dentro.
Espero tudo de ti e da vida. A excitante sensação do novo num olhar sedento e fresco de alguém pronto a partilhar.
Sinto medo de todo o pequeno sinal, e apesar de querer muito, não me atrevo.
Talvez esta seja a altura em que tudo vai ser. É o que sinto! E nada em mim deixa prevalecer a mentira do que vivo.
Não acredito na verdade e sei bem que a sua busca tudo deturpa. O dia vale tudo. A hora. O minuto. A sensação. Pára de pensar. Não anseies mais e vive. Sente tudo.
6 de fevereiro de 2009
Etiquetas:
algo em verso,
histórias
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