24 de fevereiro de 2009

Um poema por dia



"O zig-zag na escarpa sobre as cataratas do rio,
O turbilhão no cadaste,
A celeridade da rampa.
O enorme colume da corrente,
Levam sob a luz inaudita
E a surpresa química
Os viajantes cercados pelas trombas do vale
e do strom.

São os conquistadores do mundo
Em busca da fortuna química pessoal;
Desporto e conforto viajam com eles;
vai com eles a educação
Das raças, das classes e dos bichos, sobre este barco
Repouso e vertigem
Na luz diluviana,
Nas terríveis tardes de estudo.

Pois das conversas entre os aparelhos, o sangue, as flores o fogo, as jóias,
Dos cálculos ansiosos deste barco fugitivo,
- Vemos, rolando como um dique frente à roda hidráulica motora,
Monstruoso, iluminando-se sem fim, - o seu stock de estudos;
Imersos no êxtase harmónico,
E no heroísmo da descoberta.

Ante os mais surpreendentes acidentes atmosféricos,
Um par jovem isola-se na arca
- Antiga selvajaria consentida? -
E coloca-se e canta."

Jean-Arthur Rimbaud
(tradução Mário Cesariny)



Sem comentários: